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Guerra Fria - Vietnã Guerra Fria: uma nova era Guerra Fria - Vietnã Guerra Fria: uma nova era Guerra Fria - Vietnã Guerra Fria: uma nova era Guerra Fria - Vietnã Guerra Fria: uma nova era Guerra Fria - Vietnã Guerra Fria: uma nova era Guerra Fria - Vietnã Guerra Fria: uma nova era Guerra Fria - Vietnã Guerra Fria: uma nova era Guerra Fria - Vietnã


 


Lucas Alvares - Publicado em 17.03.2008



Várias discussões são travadas em torno da Guerra Fria, seu fim e seus resquícios. Já, em outro momento, a pauta das discussões coloca em dúvida essa queda de um mundo bipolar.

Como se sabe, após o término da segunda guerra mundial, com a vitória dos aliados (Estados Unidos, Inglaterra, França e União Soviética ), o Sistema Internacional de Estados foi dividido e, a ordem mundial passou a ser moldada a partir de um globo influenciado por duas ideologias, dois pólos de poder e de influência, de um lado o capitalismo, interpretado pelos EUA e, do outro o comunismo, defendido ferozmente pela URSS. Assim, os Estados submetidos às zonas de influência destes dois grandes atores tiveram que escolher lados ou, permanecer na neutralidade.

Um bom exemplo dessa divisão ideológica e política está na Alemanha. O país foi dividido por um muro, sendo que, um lado (ocidental) ficou sob a influência capitalista e, o outro (oriental) ficou sob a zona de influência comunista. A capital Berlim foi separada por um muro, o famoso Muro de Berlim ou, Cortina de Ferro.

A Guerra Fria é conhecida por ter sido um conflito puramente ideológico, e por ter sido palco de uma corrida armamentista entre o bloco soviético e o ocidente, principalmente os EUA. Em 1945 com o fim da guerra, foi criada uma organização que tem como objetivo principal manter a ordem e a paz na Sociedade Internacional de Estados, a ONU (Organização das Nações Unidas), onde foi estabelecido um Conselho de Segurança composto por 15 membros para discutir e solucionar conflitos para se chegar à paz. Porém, 5 destes membros têm o voto com o direito de veto ou seja, um voto contrário elimina todos os outros e o assunto em pauta não é aceito. Estes cinco membros são: Estados Unidos, URSS (hoje a Rússia), Inglaterra, China e França. As votações no conselho de segurança durante a Guerra Fria foram motivos de umas das maiores disputas entre as duas potências, com mais de 70 vetos feitos pelos EUA e mais de 100 pela União Soviética.

Então, como não pensar na Guerra Fria como uma corrida pela conquista do poder, já que em torno desta disputa ideológica e de desenvolvimento bélico estava a conquista de zonas de influência ou seja, os dois lados praticavam política, diplomática e militarmente o poder de influenciar e conquistar a confiança e o apoio de outros Estados. Os EUA, por exemplo, apoiavam e ajudavam governos anticomunistas nas Américas, que era sua principal zona de influência e continua sendo. A URSS dava seu apoio a Estados comunistas fornecendo armas e dinheiro. Apesar de nunca ter havido um confronto direto entre as duas potências durante toda a guerra fria, um confronto armado, EUA e União Soviética se envolveram em conflitos de outros países ajudando com armas e dinheiro, como por exemplo a guerra da Coréia, os EUA com a Coréia do Sul e a URSS do lado da Coréia do Norte. Quando a URSS invadiu o Afeganistão os EUA forneceram treinamento e armas para a resistência afegã. Estes são dois exemplos da determinação de cada um dos lados para manter sua influência e o poder não somente dentro de seus Estados mas também nas várias regiões do mundo que para eles era de total importância estratégica, militar e economicamente viável.

Em 1989 ocorreu um fato de fama internacional e que sobrevive na história até os dias de hoje, a queda do Muro de Berlim. Quando o muro cai, a Alemanha vê sua chance de se reunificar novamente. A influência e o poder da URSS sobre a Alemanha oriental já não existe mais, já que naquele momento a Alemanha era uma só. Para muitos alemães foi um momento de alegria, emoção, felicidade. Muitos puderam ver parentes que a muito tempo não viam, e puderam ver sua nação novamente como uma só. A queda do muro simboliza não só a segunda reunificação alemã mas também o inicio silencioso do colapso da União Soviética e a vitória do capitalismo contra o comunismo. No ano de 1991 ocorre o já esperado momento, a URSS estava enfraquecida e não suportava mais a pressões internacionais, então neste ano o bloco soviético se dissolve, era o fim da URSS. Aquele mundo bipolar deixa de existir, agora a ordem internacional passa a ser regida por uma única grande potência, os EUA, os países do bloco comunista passaram a ser independentes de Moscou e abrir suas economias para o capitalismo aos poucos assim como a Rússia, principal Estado da ex-URSS que, continua sendo um dos 5 membros do conselho de segurança com direito de veto.

A partir do colapso da URSS o mundo passa a ter uma nova face, os Estados Unidos ditam a ordem internacional e passam a agir como a única potência mundial. Várias economias de Estados que antes estavam sob a influência comunista passaram a se abrir para o sistema capitalista. Os Estados agora independentes de Moscou puderam assinar tratados e fazer acordos com países antes inimagináveis. Começou então, após 1991 uma nova fase, a fase do imperialismo americano no globo, multinacionais dos EUA instaladas em todas as partes, o dólar passa a ser a moeda do comércio internacional. Mas, essa situação dos EUA como "pai" do mundo gerou em alguns lugares um sentimento de rebeldia. O país norte-americano começou a se envolver em áreas onde não foram "chamados". Sua influência em decisões internacionais é muito grande, seu envolvimento com questões no oriente médio aumentou à medida que os problemas naquela região cresceram e deixaram de ser uma questão que envolvia a antiga URSS. O principal aliado americano no oriente médio é Israel, um país não Árabe que se tornou Estado em 1948 graças à Inglaterra e os EUA, que não é aceito pelos países Árabes, muçulmanos. Portanto percebe-se que com o fim da Guerra Fria os EUA agora como única potência "caminha livremente" sem um adversário a altura para enfrentá-lo. E, por decorrência dessa situação em que se encontra o sistema internacional os Estados Unidos deve agora se preocupar com outros problemas. Esta falta de uma potência como adversário fez com que outros Estados e, também terroristas, colocassem essa "autoridade" americana em questão, ou seja, países e chefes de Estado e de Governo se rebelam contra o maior poder que tem como prioridade controlar a tudo e a todos.

À medida que o poder e a influência americana cresceu no mundo, houve um crescimento também de críticas e contradições ao poder americano no cenário internacional. Estados do oriente médio como o Irã, Iraque, e países asiáticos como a Coréia do Norte começaram a ignorar as palavras do presidente norte-americano e a enfrentar o governo dos EUA e sua autoridade como potência internacional. O Irã e a Coréia do Norte começaram com um programa nuclear com a total desaprovação dos Estados Unidos, o Iraque, depois de 1991, enfrentou outra guerra contra os americanos e seus aliados em 2003, conflito que se estende até os dias de hoje com a promessa da retirada das tropas do local, que depôs o ditador iraquiano Saddam Hussein. O presidente iraniano promete destruir Israel, que como já foi dito é o principal aliado dos americanos no Oriente médio. O problema com a Coréia do Norte durou pouco tempo, o ditador norte-coreano já iniciou as conversações com a Coréia do Sul e prometeu desativar seu programa nuclear, o que ainda não aconteceu com o Irã.

Outro problema para os EUA é o terrorismo internacional que colocou e ainda coloca em dúvida o potencial de segurança dos americanos. Em 2001 ocorreram os maiores ataques terroristas da história, quando dois aviões colidiram com os dois prédios do World Trade Center, os dois maiores símbolos do capitalismo mundial, matando mais de 3.000 pessoas. A Al Qaeda comandada por Osama bin Laden, foi a facção autora dos atentados que chocou o mundo na manhã de 11 de setembro. O grupo terrorista de Bin Laden superou as expectativas da segurança norte-americana e passou a ser o principal inimigo dos Estados Unidos, sendo que agora não é mais um Estado que coloca em risco o poder americano e sim um grupo que não é reconhecido pelos outros Estados. Por outro lado, as organizações internacionais que têm como objetivo regular as ações dos Estados no cenário internacional, parecem estar em uma fase de enfraquecimento com o renascimento do Estado hobbesiano. A soberania e o interesse nacional voltaram a aflorar em uma época que se busca a paz e o equilíbrio de poder entre as nações. Estados como alguns da América do Sul estão investindo em seus programas bélicos como a Venezuela, Chile, Colômbia e o Brasil, já que o presidente anunciou o investimento nas forças armadas. A China também está investindo em armamentos pesados, a Rússia voltou a se rearmar, o Irã como já foi citado continua com o seu programa nuclear, todos com o pensamento de aumentar o potencial de defesa para um eventual ataque ou para uma suposta guerra. O Neo-Realismo apareceu a pouco tempo parece agora estar sendo superado por seu antecessor, o Realismo Clássico que volta com toda a força. A política do poder sempre esteve viva e continua a reger as relações internacionais por todo o globo.

O evento que torna possível se pensar em uma nova era da Guerra Fria foi o caso da Polônia. Os EUA instalou armamentos no ex-aliado soviético, que continua sendo uma zona de influência russa. A Rússia se sentiu ameaçada por tal movimento americano na região que desaprovou a decisão norte-americana. Da mesma forma, a Rússia em uma tentativa de reforçar o seu poder e sua influência deu para a Síria, Estado inimigo de Israel no oriente médio, 13,4 milhões de dólares para investir em armamento.

Essas ações perpetradas por estes dois Estados, Estados Unidos e Rússia (ex-URSS) e, o investimento de outros Estados no setor bélico, mostra a continuação de uma corrida armamentista e de influência regional e mundial de poder e leva a uma nova discussão em torno de um novo conflito político-ideológico sobre diplomacia e segurança internacionais, reavivando assim uma guerra adormecida por mais de uma década eclodindo em uma nova era de tensão e preocupação, a Guerra Fria do século XXI.